Que noite! Foi de sonho, foi de pesadelo, foi de delírio, foi de desolação. Em quase 3 anos de vida, o Estádio do Dragão assistiu ontem à noite mais louca da sua ainda curta história.
O dia aqueceu, as nuvens abriram para no ceú azul o sol poder brilhar. Foi num autêntico dia de Verão que cedo me desloquei para o Estádio do Dragão para assobiar o autocarro do adversário e aplaudir e incentivar a nossa equipa à chegada ao estádio. Lá dentro, com quase 45 minutos ainda para o começo da partida, já o ambiente prometia ser de arromba. Finalmente uma coreografia no estádio. Sim, em todo o Estádio do Dragão e não só no topo sul como costuma ser hábito. No momento da entrada das equipas, aquelas cartolinas azuis e brancas davam um efeito visual fantástico. Nenhum jogador poderia ficar indiferente ao que se estava a passar. 50 mil cartolinas, 50 mil pessoas a cantar o nosso hino. Lindo demais, arrepiante até.
O jogo começou com um Grande Porto em campo. Os primeiros 25 minutos foram do melhor que o Porto fez este ano. Pressão alta, logo à saída da grande área do Benfica, ocasiões de golo a surgir, o público a cantar e o golo adivinhava-se. Aos 12 minutos apareceu. Postiga remata, a bola ainda toca em Lisandro e só para no fundo da baliza. GOLO. Estava feito o 1-0. Era a primeira grande explosão de alegria. Pouco depois Quaresma ensaiava a jogada que aos 20 minutos viria a resultar no 2-0. Que grande golo do Harry Potter. Este golo veio culminar um período de grande futebol do Porto, em que a pressão alta foi muito importante para asfixiar o adversário. Ganhavamos a posse de bola em pleno meio campo do Benfica, lançando desde logo jogadas de ataque perigosas. O Estádio do Dragão estava ao rubro, como nunca tinha visto. Simplesmente empolgante a exibição do Porto até aos 30 minutos, o que fazia crer que mais golos surgiriam e que eles saíriam do Dragão humilhados. Foi por volta da meia hora que Anderson foi mais uma vez obrigado a sair do jogo por causa de uma entrada violenta do adversário. Tal como na época passada... Mais ao menos no mesmo local, outra vez um jogador grego, de novo o Calabote Baptista a arbitrar e mais uma vez sem sancionar sequer falta. Simplesmente incrivel estas coincidências. Para o lugar do prodígio brasileiro, Jesualdo fez entrar Raul Meireles. Uma susbstituição discutível sem dúvida, mas que na altura até me pareceu aceitável. Meireles vinha dar mais poder de fogo ao meio campo portista e Lucho poder-se-ia adiantar no terreno, jogando mais próximo dos homens da frente. No entanto, a opção acabou por se revelar errada. Já nos últimos 10 minutos da 1ª parte o Benfica começou a subir no terreno e a ganhar a luta do meio campo. Hélton esteve perfeito ao negar por duas vezes o golo ao adversário. O intervalo chegava com o resultado de 2-0. Se aos 20 minutos estava crente que iriamos golear, já ao intervalo tinha muitas reservas quanto a isso, não estando contudo à espera do que se viria a passar!
No segundo tempo, os primeiros 10 minutos ainda foram de maior domínio do Porto, sem no entanto deslumbrar como na primeira meia hora. Não conseguimos fazer o 3-0 e o Benfica voltou a conquistar o meio campo e paulatinamente aproximava-se da baliza de Hélton. Aos 62 minutos, o grego que "expulsou" Anderson, fez o 2-1 na marcação de um canto. Fucile, com uns bons 10/15 centimetros a menos, falhou na marcação e Katsouranis fez o golo. Competia a Fucile marcar o grego?!? O Porto sentiu o toque. O Benfica também. Faltava ainda cerca de meia hora para jogar e eles acreditavam que poderiam empatar a partida. O jogo ficou mais repartido, mas com o sinal mais a pertencer ao Benfica. Jesualdo aos 72 minutos volta a mexer na equipa. Tirou Quaresma e fez entrar Tarik. Mais uma substituição no mínimo discutível. Aos 82 minutos deu-se o golpe de teatro. Marek Cech pega na bola ainda no seu meio campo e sobe pelo seu corredor. Sem soluções de passe, decide tentar entrar pelo meio, onde só haviam jogadores do Benfica. Perdeu a bola e no contra ataque Nuno Gomes fez o empate. Choque no Dragão. Desespero. Frustração. Desolação. Incrédulo. Foi neste estado que eu e muitos portistas ficaram. Não podia acreditar no que se estava a passar. A vencer por 2-0 aos 20 minutos e a jogar tão bem, como era possível ter-mo-nos deixado empatar? Mais alguém se recordou do Porto-Artmedia da época passada? Faltava 10 minutos para jogar, já a contar com os descontos. Não acreditava que conseguissemos voltar a marcar. O Benfica estava por cima e com a moral do golo obtido tinha receio que fossem eles a chegar ao 3º. Jesualdo lança então em jogo a última cartada. Bruno Moraes no lugar de Assunção. Finalmente uma substituição que gerou consenso entre todos os dragões. E foi já nos descontos, que na cobrança de um lançamento de linha lateral (!!), Bruno Moraes apareceu solto a cabecear para o 3-2. GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!! Foi a loucura. Só me lembro de saltar, abraçar-me a todos os que me rodeavam, de gritar, de exultar de alegria. Fiquei fora de mim! É nestes momentos que dou graças a Deus por gostar tanto deste desporto e de sobretudo ter nascido PORTISTA! Momentos como estes ficam para sempre gravados na nossa memória. Mesmo depois de morto, hei-de estar no caixão e vibrar sempre que me lembrar destes momentos mágicos.
O Estádio do Dragão vivia momentos únicos. Nunca em quase 3 anos de vida, tinha assistido a um ambiente tão deslumbrante, tão mágico, tão marcante, tão único. Foi uma demonstração de um portismo como ainda não tinha visto. Simplesmente inesquecível... mas que ninguém nos diga irrepetível!!!
Melhor Jogador em Campo
